OS DEZESSEIS SALVADORES CRUCIFICADOS
capítulo XVI do livro The World's Sixteen Crucified Saviors
de Kersey Graves [1875] trad. pesquisa - resumo & amp;
adaptação: Ligia Cabús
ESQ.: Crucificado irlandês pré-cristão de origem asiática.
DIR.: Um crucificado egípcio: a imagem, encontrada em um antigo templo em
Kalabche, tal como a irlandesa, é muito anterior à Era Cristã.
A crença na crucificação de Jesus, o Cristo, é um dogma central
da Igreja Católica Apostólica romana e de outras Igrejas cristãs [Ortodoxa,
Evangélicas]. É uma crença imperativa: está no texto do Credo, oração que é a declaração de fé dos cristãos
seguidores do Vaticano. A crucificação em si é um ponto tão indiscutível quanto
a ressurreição. No entanto, há controvérsias; muitos estudiosos põem em dúvida
a veracidade histórica da crucificação.
Um dos argumentos mais fortes é falta de documentação
histórica sobre um fato que, do ponto de vista contemporâneo, deveria, na
época, ter sido, de algum modo registrado, fosse por relato de historiadores,
que são mínimos; fosse por registros processuais da burocracia romana. As
poucas referências a Jesus, seus seguidores e sua crucificação, são
consideradas suspeitas pelos analistas mais céticos. Entre os poucos textos
antigos existe um trecho, sempre citado, atribuído ao historiador Flavio Josefo
e, mesmo este, tem sua originalidade posta em dúvida.
Outro argumento dos que questionam a veracidade da
crucificação e até mesmo a existência do próprio Jesus é o fato do argumento,
noético-religioso, ser recorrente na cultura de muitos povos. O crucificado
perseguido e/ou injustiçado que voluntariamente se submete ao sacrifício da
própria vida pela salvação do mundo, este crucificado é o personagem misterioso
de uma história que tem sido contada muito antes da Via Crucis ter sido
percorrida na Judéia.
Neste texto, baseado no capitulo XVI do livro de The World's
Sixteen Crucified Saviors de Kersey Graves [1875], o autor relaciona 16 casos-histórico-mitológicos
de crucificados salvadores do mundo. É um fato conhecido dos estudiosos mas,
geralmente, desconhecido do público em geral, em cada contexto cultural, de
cada país, de cada religião.
No caso do cristianismo católico [do Vaticano], o dogma da
crucificação como um sacrifício inédito e exclusivo de Jesus, foi enfatizado
desde os primórdios da Igreja, nas epistolas de São Paulo. Tem sido
característica de todas as religiões, especialmente as grandes religiões, a
estratégia de persuasão através do medo [da punição divina pelos erros,
pecados] e da imposição de dogmas inquestionáveis, dogmas que, por sua
imperatividade, ou mesmo por causa dela, contêm algo de mágico.
Acreditar no dogma de uma religião significa rejeitar os
dogmas de todas as outras religiões e os líderes das grandes religiões sempre
se empenharam em destruir e/ou ocultar quaisquer evidências, referências,
conhecimento ou ensinamento relacionados a outras religiões. Porque o atributo
da Divindade Suprema deveria ser uma espécie de exclusividade, de ineditismo
histórico e de ser [ontológico].
O Cristianismo não fugiu a regra, ao contrário. Os primeiros
discípulos da religião nascente ocuparam-se em destruir monumentos
representativos da Crucificação de deuses orientais, pagãos, muito anteriores
ao Messias judeu. Por isso a insistência
do apóstolo Paulo em proclamar o credo em somente um, somente aquele, Jesus
Crucificado.
Entretanto, a memória histórica foi preservada muito antes e
muito além dos muros de Roma ou Jerusalém. Para os hindus, o Crucificado é
Krishna, oitavo avatar de Vishnu, pessoa da Trindade dos brâmanes. Entre os
persas, o Crucificado é Mitra, o Mediador. Os mexicanos esperam,
fervorosamente, o retorno do seu Crucificado Quetzocoalt. Entre os caucasianos
[no Cáucaso], o povo canta para o Divino
Intercessor, que voluntariamente ofereceu a si mesmo em uma cruz para resgatar
os pecados da Raça caída. Ao que tudo indica, muitas vezes, em diferentes
épocas e lugares, o Filho de Deus, veio ao mundo, nascido de uma virgem e
morreu, em uma cruz, pela salvação do Homem. O indiano Krishna é um dos mais
antigos destes Crucificados.
I. A Crucificação de Krishna, Índia — 1.200 a.C.
link relacionado | biografia: Lord Krishna 8º Avatar de
Vishnu
Krishna pode ser considerado o mais importante e o mais
exaltado personagem entre os Deuses Salvadores da Humanidade que se submeteram
a uma existência em condição humana, sujeitos ao sofrimento e à morte em
sacrifício que resgata, anula, os pecados dos Homens. enquanto outros Filhos de
Deus encarnados tinham sua divindade limitada pela condição humana, Krishna, de
acordo com as escrituras hindus, compreendia, em si mesmo, a totalidade de Ser
Deus.
As evidências da crucificação de Krishna são tão conclusivas
quanto as de outros Salvadores, ou seja, têm seus indicativos históricos,
documentais porém, considerados inconclusivos, mantém a saga da Cruz envolta em
uma inevitável aura de lenda.
Moore, um escritor e viajante inglês, produziu uma vasta
coleção de desenhos/pinturas representativos de esculturas e monumentos hindus,
que juntos são denominados o Panteão Hindu.
Uma das peças do acervo mostra uma divindade crucificada, suspensa em
uma cruz; é o Deus-Filho de Deus Crucificado Hindu, "Nosso Senhor e
Salvador" Krishna. Krishna crucificado tem os pés fixados no madeiro com
pregos, inseridos na do mesmo modo como, relatado nos Evangelhos cristãos,
aconteceu com Jesus.
Existem várias representações deste Krishna crucificado
[British Museum] e pouco comentado no ocidente. Ele aparece na mesma posição de
Jesus e não raro é contemplado com um halo de glória que vem do céu. Em algumas
figuras, aparecem somente as mãos cravadas. Em outras, somente os pés. No peito, em algumas destas imagens,
destaca-se o coração do mesmo jeito que é feito nas imagens cristãs e, como
outros ornamentos simbólicos, são evocados a pomba e a serpente, que também são
emblemas cristãos relacionados à divindade [a pomba — o Espírito Santo; a
serpente, símbolo complexo da Sabedoria, pode significar a tentação do conhecimento].
Vida — Caráter — Religião & Milagres de Krishna
A história de Krishna-Zeus [porque Krishna também é chamado
assim, ou Jeseus, como preferem alguns escritores] está contida,
principalmente, no Bagavat Gita [Canto do Senhor], no livro da epopéia Mahabaratha.
Este livro, o Bagavat, na Índia, é considerado de inspiração divina, tal como o
Bíblia católica. Os sábios hindus afirmam que o Bagavat tem seis mil anos de
idade.
Como Jesus, Krishna teve origem humilde, [cresceu entre
pastores de vacas] e foi perseguido por inimigos injustos. Entretanto, Krishna
parece ter tido mais sucesso na propagação de sua doutrina; foi prestigiado por
milhares de seguidores. Realizava milagres: curou leprosos, surdos e mudos,
ressuscitou mortos; protegeu os fracos, consolou os tristes, elevou os
oprimidos, expulsou e matou demônios. Em seu discurso, o Messias hindu dizia
que não pretendia destruir a antiga
religião; antes, devia purificá-la e pregar a doutrina restaurada.
Muitos dos preceitos doutrinários de Krishna reforçam a
identidade entre o Filho de Deus hindu e o Messias cristão nascido na Judéia.
Abaixo, alguns destes ensinamentos não deixam dúvida: ou Krishna era cristão,
ou Jesus era krishnaísta ou ambos são uma única e mesma manifestação do Filho
de Deus. São alguns dos ensinamentos de
Krishna:
Aquele que não controla suas paixões não pode agir
apropriadamente perante os outros.
O males infligidos aos outros seguem-nos, tal como sobras
seguindo nossos corpos.
Os humildes são os amados de Deus.
A virtude sustenta o Espírito assim como os músculos
sustentam o corpo.
Quando um pobre bater à sua porta atenda-o, procure fornecer
o que ele precisa, porque os pobres são os escolhidos de Deus. [ATENÇÃO: No
tempo de Krishna não havia tantos "pobres" golpistas [!]... Meditemos
e adaptemos...]
Estenda a mão aos desafortunados.
Não olhe a mulher com desejos impuros.
Evite a inveja, a cobiça, falsidade, mentira, traição,
impostura, a blasfêmia, a calúnia e os desejos sexuais.
Sobre todas as coisas, cultive o amor ao próximo.
Quando você morre, deixa para trás e para sempre a riqueza
mundana da sua personalidade limitada; mas suas virtudes e seus vícios seguem
você. ...
* A lista de preceitos krishnaístas semelhantes à doutrina
cristã, especialmente como foi exposta no Sermão da Montanha, alonga-se em em
51 tópicos.
II. A Crucificação do Buda Sakyamuni — 600 a.C.
Buda, não um nome próprio. Significa "Iluminado".
Buda Sakyamuni é um dos Iluminados que viveram na Índia [e possivelmente, um
entre os Iluminados que têm vivido no mundo]. Sakyamuni, este sim, é um nome de
família que serve para identificar este Buda específico, que viveu nos anos 600
a.C. e que é o mundialmente mais famoso dos Budas, entre Budas indianos e
chineses.
A biografia do Buda Sakyamuni é razoavelmente bem
documentada mas sua crucificação é uma das mais desconhecidas entre as versões
sobre a morte deste Mestre. Porém, existe. O Buda Sakyamuni teria sido
condenado pelo ato simples de ter colhido uma flor de um jardim. Mais uma vez,
a punição injusta e, novamente, "crucificado", em uma árvore cuja
forma remete à cruz, é explicada como um resgate dos erros humanos que somente
o próprio deus encarnado poderia oferecer. Ele sofre a punição no lugar dos
homens, cumpre seu destino, conforme uma de suas biografias:
Por misericórdia, ele deixou o Paraíso e desceu à Terra
porque estava cheio de compaixão pelos pecados e misérias da raça humana. Ele
veio para conduzir os homens por melhores caminhos e tomou seus sofrimentos em
si mesmo, pagou por seus crimes e salvou o mundo que, de outra forma, na
verdade, não poderia salvar-se por si mesmo. [Prog. Rel. Ideas, vol. i. p. 86.]
O Buda Sakyamuni também desceu ao Inferno e lá ficou durante
três dias, ainda redimindo os pecadores, até a sua ressurreição, no terceiro
dia. Depois da ressurreição e antes de ascender aos céus [porque nesta versão o
Buda não morre, mas retorna ao reino de Deus, a Terra Búdica ou Terra Pura dos
orientais], durante este tempo,o mestre Sakyamuni ainda transmitiu ao mundo preciosos
ensinamentos no sentido da elevação do espírito humano.
Segundo um escritor:
O objeto de sua missão era instruir os que se tinham
desviado do Caminho e expiar os pecados dos mortais através de seu sofrimento
pessoal. Deste modo, alcançaria, para toda a Humanidade, entrada no Paraíso.
Ensinou que todos deveriam seguir seus preceitos e orar em seu nome. Seus
seguidores se referiam a ele como o Deus de toda a Eternidade e chamavam-no
Salvador do Mundo, Senhor de Misericórdia, o Benevolente, Dispensador da Graça,
Fonte de Vida, Luz do Mundo, Luz da Verdade..."
Sua mãe [Maya], era pura, pia e devota; jamais teve qualquer
pensamento impuro, jamais foi impura em suas palavras e ações. Ela era muito
estimada por suas virtudes. [Na composição desta figura mitológica a mãe de
Buda Sakyamuni é representada sempre acompanhada por uma comitiva de donzelas].
As árvores inclinavam-se à sua passagem, em meio à floresta; as flores se
abriam a cada passo da Mãe de Deus e todos a saudavam como Virgem Santa, Rainha
dos Céus [é absolutamente dispensável comentar a semelhança entre as Escrituras
hindus e as Escrituras Judaico-Cristãs, até porque as semelhanças não se
limitam à figura de Jesus].
Contam as lendas que quando nasceu, o pequeno Sidarta
Gautama [futuro Buda Sakyamuni], pôs-se de pé e proclamou: "Eu colocarei
um fim aos sofrimentos e dores do mundo". Imediatamente, uma luz brilhou
em torno do jovem Messias. O Buda Sakyamuni passou muito tempo em retiro,
isolado, e tal como Cristo tentado 40 dias no deserto, também o Iluminado da
Índia foi tentado pelo demônio, que lhe ofereceu todas as riquezas, [prazeres]
e honras do mundo.
Como mestre Iluminado, aos 28 anos, começou a pregar seu
evangelho [difundir sua mensagem] e a curar os doentes. Está escrito que
"...os cegos enxergavam, os surdos ouviam, os mudos falavam, os aleijados
dançavam, os loucos ficavam sãos; e as pessoas diziam "Ele é a encarnação
de Deus". ...Ele proclamou "Minha lei é a Lei da Graça para
todos". Sua religião não conhecia raça, sexo, casta nem clero.
O budismo, "fala de igualdade entre os homens, da
irmandade que reúne toda a raça humana" [Max Muller]. "Todos os
homens, sem distinção de classe social, nascimento ou nação, todos, de acordo
com o budismo, partilham do mesmo sofrimento neste vale de lágrimas e todos
devem partilhar os sentimentos de amor, auto-domínio, paciência, compaixão,
misericórdia" [Dunkar].
Klaproth, [um professor alemão de línguas orientais], diz
que o budismo é uma religião orientada para o enobrecimento da raça humana.
"É difícil compreender como homens que não foram contemplados pela
Revelação puderam alcançar conceitos tão elevados e chegar tão perto da
verdade" [M. Leboulay].
Dunkar diz que esse deus oriental "fala de
auto-negação, castidade, temperança, controle das paixões, tolerância à
injustiça e aceitação da morte sem ódio pelos inimigos, solidariedade para o
infortúnio alheio e indiferença ao próprio infortúnio". O missionário
Spense Hardy escreveu sobre o budismo: "Existem preceitos especiais contra
todo o vício, a hipocrisia, ira, orgulho, cobiça, avareza, maledicência e
crueldade com animais. Entre as virtudes recomendadas, destacam-se o respeito
aos pais, o cuidado com as crianças, a submissão à autoridade e às provações da
vida, a gratidão, a moderação em todas as coisas, a capacidade de perdoar e não
responder ao mal com o mal". ...
III. Thamuz, da Síria — 1.160 a.C.
A história deste Salvador está dispersa em fragmentos de
vários escritores. Uma versão completa deste personagem é, provavelmente, o
relato de Ctesias [400 a.C.], autor de Persika. Também foi crucificado como
sacrifício pela expiação dos pecados dos homens. Parkhurst, autor cristão,
refere-se a Thamuz como um precedente ao advento de Cristo. Sobre este Salvador, diz um texto grego:
"Tenham fé, vocês, santos, seu Senhor está restaurado; Tenham fé na
elevação do Senhor; e pelas dores que Thamuz sofreu nossa salvação foi
alcançada".
O Thammuz histórico-mitológico está relacionado entre os
deuses sumério-babilônicos regentes do mundo vegetal. Foi parceiro de Ishtar ou
Astarté. Segundo a tradição, ele retornou da morte e morre novamente, a cada
ano [ENCYCLOPEDIA]. Representa o apogeu e a decadência da vida terrena em seus
ciclo natural. Seu culto floresceu não somente na Mesopotâmia, mas também na
Síria, Fenícia, Palestina. Thammuz é identificado com o egípcio Osíris e o
grego Adonis [HUTCHINSON ENCYCLOPEDIA].
Pesquisadores traçaram uma genealogia de Thammuz; ela está
na Bíblia: Noé gerou Ham; Ham gerou Cuch; Cush, legendário fundador do Reino de
Babilônia, gerou Nimrod. A partir daí a
história ganha ares de primórdios da civilização. Depois da morte do pai, Cush,
Nimrod, teria desposado a própria mãe, Semiramis, uma descendente daqueles que
sobreviveram ao dilúvio.
Uma vela para Baal: Casado com a mãe, Nimrod tornou-se um
rei poderoso. Semelhante a Osiris, Nimrod foi assassinado e seu corpo, cujas
partes retalhadas foram dispersas por todo o reino, foi novamente reunido pela
rainha Semíramis. Somente uma parte não foi resgatada: o pênis. A rainha
declarou que o rei não mais retornaria ao convívio dos mortais pois havia
ascendido à sua morada celestial, o Sol e daí em diante, seria chamado Baal, o
deus-Sol. Semiramis proclamou que Baal estaria presente na terra na forma de
chama, de toda chama acesa pelos seus devotos, fosse uma lâmpada, fosse uma
vela.
Thammuz: Thammuz foi o filho que Semiramis deu à luz depois
da morte de Nimrod. Uma versão diz que a concepção foi imaculada; outra, que
foi fruto do incesto da rainha com rei e filho Nimrod. De todo modo, a rainha
declarou que Thammuz era a reencarnação de Nimrod e que ali estava o Salvador.
Porém, logo se estabeleceu um culto à rainha, ela era a Mãe de Deus.
A personagem Thammuz, misteriosa e persistente, atravessou
tempo e fronteiras. Na Síria, em torno do ano 1160 a.C., viveu um Thammuz que
foi crucificado. sua identidade se perdeu na bruma das Eras porém, tudo indica
que foi um grande mestre, conforme os poucos testemunhos escritos, como o
tratado de Julius Firmicius, Errore Profanarum Religionum [350 a.C.], onde é
mencionado um Deus que "ressuscitou para a salvação do mundo".
Thammuz e os peixes: a palavra Tammuz é considerada
composição de duas outras: TAM, significando PERFEITO; e MUZ, relativo a
fogo/luz. Portanto LUZ PERFEITA ou LUZ DE PERFEIÇÃO. Muitos escritores antigos
encontraram conexão em Tammuz e o arcaico Bacchus Ichthys, ou seja, Baco
Pescador. É uma relação curiosa com o cenário dos evangelhos cristãos onde
Cristo escolhe seus primeiros apóstolos entre pescadores, onde se refere a
Pedro como Pescador de Homens e realiza milagres como a pesca abundante e a
multiplicação dos peixes. FONTE COMPLEMENTAR: The Legend of Tammuz IN
NEPHELIM-NOT.
IV. Wittoba — Índia, 552 a.C.
Wittoba, Vithoba, Ballaji ou, ainda, Vitthal é outra das
encarnações de Vishnu. Freqüentemente identificado com Krishna, controverso,
não se sabe ao certo se antecedeu Krishna ou se veio ao mundo depois de
Krishna. Na obra Hindu Pantheon, de Moor, podem ser vistas representações de
Wittoba com os pés e as mãos marcados pelos cravos e o peito ornado com um
coração, figura semelhante às de Jesus onde aparece o sagrado coração. Esse
avatar [Wittoba] possui um templo
esplêndido em sua honra situado em Punderpoor, com mais de mil anos de idade,
visitado por milhões de peregrinos [TRUTH BE KNOWN].
O texto de Kersey Graves menciona um relato histórico sobre
a crucificação desse avatar; segundo Higgins: "Ele é representado com as
chagas dos pregos nas mãos e nas solas dos pés. Os cravos ou pregos, mas também
martelos, tenazes [pinças] aparecem freqüentemente em seu crucifixo e são objetos
de adoração entre seus seguidores.
De
acordo com a Wikipedia, Vithoba é a forma coloquial de Vitthala, uma das
manifestações de Vishnu [Krishna]. Vithoba de Pandharpur´é, tradicionalmente,
uma das mais importantes divindades nos estados indianos de Maharashtra,
Karnataka e Andhra Pradesh onde reúne milhões de devotos.
V. Iao — Nepal, 622 a.C.
Sobre a crucificação deste antigo Salvador um relato específico
atesta que "...ele foi crucificado em uma árvore, no Nepal". O nome
deste deus encarnado do Salvador do Oriente aparece freqüentemente em livros
sagrados de outras nações. Alguns supõem que Iao [pronunciado com Jao] é a raiz
do nome do deus dos judeus, Jehovah.
VI. Hesus — O Druida Celta, 834 a.C.
Godfrey Higgins [1772-1833] informa que os druidas celtas
representam o deus Hesus sendo crucificado ladeado por um cordeiro e um
elefante. Esta representação é anterior à Era Cristã. Na simbologia, o elefante
[imagem que, de alguma forma deve ter sido importada da Ásia] corresponde à
magnitude dos pecados humanos enquanto o cordeiro, de natureza inocente, é a
inocência da vítima oferecida a Deus em sacrifício propiciatório. É o
"Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo".
* Conta a tradição que Hesus, um druida celta, foi o
introdutor da religião e da cultura na Britânia. O relato mitológico informa
que Hesus foi crucificado em um carvalho, a árvore da vida, mas seu espírito sobreviveu e o período de
sua glória depois da morte foi chamado de Idade do Ouro. Tal como Jesus, Hesus
é Filho de Deus e nasceu de uma virgem chamada Mayence, no século IX a.C...
Mayence é representada envolta em luz e usando uma coroa de doze estrelas e
tendo aos pés uma serpente. [Audrey Fletcher, 1999].
VII. Quetzalcóatl — A Serpente Emplumada do México, 587 a.C.
A autoridade
histórica em relação à crucificação deste deus mexicano [cultura asteca,
tolteca e maia], sua execução sobre uma cruz como sacrifício propiciatório para
a remissão dos pecados da raça humana, é um fato explícito, inequívoco,
indelével. A evidência é tangível, gravada em aço, em placas de metal. Uma
dessas placas tem a representação de Quetzalcóatl [cujo nome significa Serpente
Emplumada] sendo crucificado em uma montanha; outra, mostra-o crucificado no
céu. O deus mexicano foi pregado em uma cruz.
Mexican Antiquities , [vol. VI, p 166] diz:
"Quetzalcóatl está representado em ilustrações do Codex Borgianus pregado
na cruz." Algumas vezes, dois ladrões aparecem, crucificados, um de cada
lado. Esse Salvador crucificado mexicano, tal como outros personagens
histórico-mitológicos, é muito anterior à Era Cristã. No Codex Borgianus, o
relato vai além da crucificação; ali estão registrados todos os eventos
notáveis da biografia da Serpente Emplumada: a morte, o sepultamento, a descida
ao Inferno e a ressurreição no terceiro dia. Outra obra, o Codex Vaticanus,
contém a história de seu nascimento imaculado, concebido por sua virgem mãe
chamada Chimalman.
A trajetória de Quetzalcóatl
tem outras similitudes com a vida de Jesus, o Cristo do Oriente Médio:
os quarenta dias no deserto, o jejum e a tentação, sua purificação no templo, o
batismo e a regeneração pela água, sua capacidade de perdoar os pecados
humanos, a unção com os óleos/ungüentos aromáticos pouco antes da crucificação etc..
"todas estas coisas e muitas outras mais encontradas nos relatos sagrados
sobre esse deus mexicano são mais que curiosas, são misteriosas" [Lord
Kingsborough, escritor cristão].
VIII. Quirinus — O Salvador Crucificado Romano , 506 a.C.
A crucificação deste Salvador romano é brevemente noticiada
por Higgins e também apresenta muitos paralelos com a biografia do Salvador
judeu, não apenas as circunstâncias relacionadas à crucificação mas também
outras passagens de sua vida. Como Jesus, Quirinus: 1) Foi concebido por uma
virgem; 2) Foi perseguido pelo rei da época e do lugar; 3) Era de sangue real e
sua mãe, era irmã do rei [aqui, coincide com a história de Krishna]; 4) Foi
injustamente condenado à morte e crucificado; 5) Quando morreu, toda a Terra foi
envolta na escuridão, tal como ocorreu na morte de Jesus, Krishna e Prometeu.
* QUIRINUS — In Deuses Solares como Salvadores Expiatórios
Sun Gods as Atoning Saviours — Dr. M. D. Magee, 2001
O deus Quirinus é uma figura que emerge da mitologia em
torno da fundação da cidade de Roma e de seus fundadores, os gêmeos Rômulo e
Remo. Os irmãos nasceram de Réia Silvia, uma virgem, princesa tornada vestal
pelo irmão, o rei Amulius, que temia a disputa pelo trono. Réia Silvia foi
fecundada por um deus, Marte. Quando nasceram, Rômulo e Remo, seqüestrados pelo
rei, foram abandonados para morrer, em
uma cesta, ao sabor das águas do rio Tibre [semelhante à história de Moisés].
Segundo a lenda foram resgatados por uma loba que os
amamentou e criou com a matilha até que foram acolhidos por pastores. Adultos,
desentenderam-se na fundação de Roma. As narrativas são confusas mas Rômulo
[771 a.C. — 717 a.C.] passou à história como assassino do próprio irmão e
fundador definitivo e primeiro rei de Roma. Mais tarde, Rômulo teria morrido de
morte injusta, talvez, crucificado; ressuscitado, subiu aos céus e foi
divinizado no imaginário popular como Quirinus. A festa dedicada a Quirinus, a
Quirinália é no dia 17 de fevereiro.
IX. ÆSCHYLUS — Prometeu Acorrentado... ou Crucificado? 547 a.C.
* Prometeu é um personagem da mitologia grega. Era um Titã,
gigante, portanto. Ele roubou o fogo [dos deuses] e transmitiu os segredos da
chama aos homens. Sua punição foi ser acorrentado no Cáucaso submisso à tortura
de ter seu fígado devorado por uma águia. O fígado se reconstitui e a águia
volta a atacar o herói, eternamente. Foi rsgatado deste suplício pelo semideus,
filho de Zeus, Héracles ou Hércules. * nota do trad.
Registros de um Prometeu crucificado [e não acorrentado] no
Cáucaso [cordilheira, montanhas situadas na Eurásia, fronteira Europa/Ásia,
entre os mares Negro e Cáspio] são fornecidos por Sêneca, Hesíodo e outros
escritores. Segundo estes relatos, Prometeu teve os braços abertos pregados
numa trave de madeira para cumprir seu sacrifício.
A versão mais popular atualmente, fala de um Prometeu
acorrentado a uma rocha por 30 anos, é considerada por Higgins como uma fraude
cristã. Escreve Higgins: "Eu tenho a referência dos registros que falam de
Prometeu pregado a um madeiro, com cravos e martelo. Outro escritor, Southwell,
complementa: "Ele expôs a si mesmo à ira de Deus para salvar a raça
humana".
No Lempiere's Classical Dictionary, no Anacalypsis, de
Higgins e em outras obras podem ser encontradas as seguintes particularidades
sobre os momentos finais, a morte, de Prometeu: Toda a Natureza entrou em
convulsão. A Terra tremeu, as rochas se abriram, as sepulturas se abriram e
todo o Universo pareceu dissolver-se quando "Nosso Senhor e
Salvador", Prometeu, ascendeu em Espírito.
Southwell reafirma: "A causa de seu sofrimento foi seu
amor pela humanidade" Em sua obra Syntagma, Taylor comenta que toda a
história de Prometeu, crucificação, morte, sepultamento e ressurreição era
encenada em Atenas cinco séculos antes do advento do Cristo judeu, o que prova
a antiguidade do mito.
X. THULIS DO EGITO — 1.700 a.C.
Sobre este Salvador egípcio, também chamado Zulius, escreve
Mr.Wilkison: "Sua história é curiosamente ilustrada em esculturas de 1.700
anos a.C.. que são encontrada em pequenas câmaras situadas a oeste do adytium*
dos templos, uma área restrita.
[*Aditon (do grego inacessível) ou abaton é o espaço do
templo da Antiguidade Clássica só acessível a sacerdotes e utilizado para o
culto ou colocação de oferendas .
Em sua sepultura figuram 28 flores de lótus representativas
do número de anos que Thulis viveu sobre a Terra. Depois de sofrer morte
violenta, ele foi sepultado, ressuscitou e subiu aos céus tornando-se o juiz
dos mortos ou das almas no Além. Wilkison acrescenta que Thulis veio do céu
trazendo a Graça e a Verdade em benefício da raça humana.
XI. INDRA DO TIBET — 725 a.C.
Um relato da crucificação do Deus e Salvador Indra pode ser
encontrado em Georgius, Thibetinum Alphabetum, p 230. A história foi registrada em lâminas nas
quais está representada a saga deste Salvador tibetano. À semelhança dos
outros, também foi "pregado na cruz". Possui cinco chagas, cinco
perfurações. A antiguidade deste mito é indiscutível.
Acontecimentos maravilhosos caracterizam o nascimento do
Divino Redentor. Sua mãe, virgem, era de etnia negra assim como ele próprio.
Também Indra veio do céu por compaixão e para o céu retornou depois de sua
crucificação. Durante sua passagem na Terra, cultivou rigoroso celibato porque
a castidade, segundo o mestre, é essencial para alcançar e manter a verdadeira
santidade.
Pregou o amor, a ternura para com todos os seres vivos. Ele
andava sobre a água e levitava, mantinha-se suspenso no ar; podia prever
eventos futuros com grande precisão. Praticava a mais devota contemplação,
submetia-se a uma severa disciplina do corpo e da mente, subjugando, deste
modo, as paixões, os desejos [segundo o budismo e também o cristianismo, fonte
de toda a infelicidade humana]. Indra foi adorado como o Deus que sempre
existiu e existe por toda a eternidade e seus
seguidores foram chamados Mestres Celestiais.
XII. ALCESTOS DE EURÍPEDES: UMA MULHER CRUCIFICADA — 600
a.C.
O English Classical Journal [vol. XXXVII] publicou o relato
curioso e raro de uma deusa crucificada: Alcestos. De origem grega, sua
descoberta é uma novidade na história das religiões e, possivelmente, é o único
caso de divindade feminina que resgatou os pecados do mundo morrendo na cruz.
Sua doutrina inclui o conceito da Santíssima ou Divina Trindade.
*Entretanto, a tradição desta figura como divindade e sua
"crucificação", é duvidosa senão, forçada. Na lenda mais conhecida,
Alcestos ou Alceste, uma princesa, oferece a própria vida para prolongar a vida
do marido. Perséfone, rainha do Hades, mundo dos mortos grego, comovida com o
sacrifício da esposa, concede que ressuscite mais bela do que nunca... [*nota
do trad.]
XIII. ATYS DA FRÍGIA — 1.170 a.C.
Este Messias, citado no Anacalypsis, de Higgins, também
oferece o sacrifício da própria vida em resgate dos pecados da Humanidade. A
frase em latim suspensus lingo, encontrada no relato de sua saga, indica a
forma como morreu: suspenso em uma árvore, crucificado. Atys também
ressuscitou.
XIV. CRITES DA CALDÉIA — 1.200 a.C.
Nos textos sagrados dos caldeus [Mesopotâmia] existe o
relato sobre o Deus Crite, também chamado de Redentor, o "sempre abençoado
Filho de Deus", Salvador da Raça, "Aquele que oferece a si mesmo em
expiação dos pecados" único sacrifício capaz de aplacar a ira de Deus; e
quando Ele morreu, céu e terra foram sacudidos em violentas convulsões.
XV. BALI DE ORISSA — 725 a.C.
Orissa é um estado indiano situado na costa leste daquele
país. Também ali é contada a história de um Deus crucificado, conhecido por muitos
nomes, sendo um deles, Bali, que significa "Segundo Senhor", em
referência à segunda pessoa ou segundo membro da uma Trindade* que constitui o
Deus Único. Em Anacalypsis, Higgins informa que monumentos muito antigos,
representativos deste Deus crucificado podem ser encontrados entre as ruínas da
magnífica cidade de Mahabalipore.
* Essa questão metafísica, das três pessoas "em
Deus" é bastante destacada no Hinduísmo [Trimurti: Brahma, Vishnu, Shiva],
no Cristianismo Católico [Vaticano: Pai — Filho — Espírito Santo] e na
filosofia mais complexa, esotérica, do budismo Tibetano [Oriente] e teosofia
[Ociente], Purusha, Prakriti, Fohat. * nota do trad.
XVI. MITRA DA PÉRSIA — 600 a.C.
Este deus persa morreu na cruz para expiar os pecados
humanos. A tradição estabelece o dia do nascimento de Mitra em 25 de dezembro.
Foi crucificado em uma árvore. O relato, evidentemente, remete a Cristo e a Krishna.
LEITURA COMPLEMENTAR I
A vida de Mitra (Mithra)
- nasceu de uma virgem em uma caverna no dia 25/Dez, foi
visitado por pastores que traziam presentes
- foi considerado um grande mestre e professor viajante
- tinha 12 acompanhantes ou discípulos
- prometeu a imortalidade para seus seguidores
- realizou milagres
- sendo o "grande touro do Sol" se sacrificou pela
paz mundial
- foi enterrado numa tumba e ressuscitou 3 dias depois
- sua ressurreição é festejada anualmente
- era considerado o "Bom Pastor" e identificado
com o carneiro e o leão
- era considerado o “Caminho, a Verdade e a Luz,” e o
“Logos” [Palavra], “Redentor,” “Salvador” e “Messias.”
- seu dia sagrado era o domingo, centenas de anos antes da
aparição de Cristo
- tinha um festival no dia da Páscoa
- realizou uma última ceia e disse "Aquele que não
comer do meu corpo e beber do meu sangue e se tornar um só comigo, não será
salvo
- seu sacrifício anual é considerado a "passagem dos
magos" e é uma passagem simbólica de renovação moral e física.
Ixion — Orfeu — Apolônio de Tiana
A lista não acaba em 16 personagens. Existem ainda outros
casos: Devatat de Sião, Ixion de Roma, Apolônio de Thiana da Capadócia, também
morreram na cruz em circunstâncias messiânicas. Ixion, em 400 a.C., foi
crucificado sobre uma roda que, enfim, simbolizou o mundo. Ele sofreu as
aflições do mundo, pagou pelos pecados da Humanidade suspenso "em
cruz" e por isso foi chamado espírito crucificado do mundo.
Apolônio de Thiana [Tiana, Capadócia-Tu Março de 2 a.C. –
Éfeso, 98 d.C. In WIKIPEDIA] é outro
caso de Salvador crucificado cuja biografia a literatura e os historiadores
cristãos ignoraram ou censuraram justamente por causa da semelhança de suas
vidas e mortes com a vida e morte do Cristo Jesus. Apolônio é uma figura
singular entre os Salvadores do mundo porque sua trajetória coincide
cronologicamente com o tempo do apostolado de Jesus.
Os escritores cristãos cuidaram de omitir esses fatos e
personagens temendo prejuízos na credibilidade do Cristianismo como religião
original e única verdadeira. A crucificação de Jesus tornou-se um dogma que o
cristianismo toma como exclusivo de sua história, sem precedentes. Entretanto,
as origens pagãs do Messias crucificado que foram negadas não puderam ser
apagadas.
Uma referência do Mackey's Lexicon of Freemasonary [p. 35]
informa que o Maçons ensinavam, secretamente, que a doutrina da crucificação,
expiação e ressurreição é muito anterior à Era Cristã. Acontecimentos-rituais
semelhantes integravam todos os antigos mistérios — mistérios no sentido de
procedimentos religiosos-metafísicos esotéricos, destinados a poucos Iniciados.
A doutrina da salvação pela crucificação é de uma
antiguidade que remonta às mais primitivas formas de religião, como a religião
astrológica, devotada ao Sol. Nesta religião solar, orientada pelos ciclos da
natureza em sua relação com os astros, o mundo era salvo ou resgatado da treva
e do frio pela crucificação do Sol ou pelo cruzamento —
"crossification" — da órbita solar com a linha do equinócio, na
entrada da primavera, trazendo o retorno da luminosidade e do calor,
estimulando a geração em todas as coisas vivas. ...
A negação dos Salvadores crucificados pagãos ou, ainda,
conceder que suas histórias existem sendo, contudo meras fábulas, é um caminho
perigoso para o cristianismo posto que nada impede o raciocínio mais
superficial de questionar, do mesmo modo, a crucificação do Cristo Jesus.
De fato, o questionamento da Paixão foi levantado por
figuras importantes da Igreja dos primeiros tempos. O bispo Irineu não
acreditava na morte de Jesus na cruz e dizia que o Messias judeu tinha vivido
até os cinqüenta anos. Alegava o testemunho do mártir Policarpo que, por sua
vez, afirmava que sua fonte era o próprio João, o Evangelista.
REFLEXÕES SOBRE A CRUCIFICAÇÃO
A crucificação sempre foi um ponto de dúvida entre muitos
dos seguidores do cristianismo primitivo que, tal como muitos judeus e gentios,
questionavam a veracidade do fato. Muitos argumentam que a Paixão tem um
significado espiritual, um simbolismo para uma vida santa.
Uma circunstância que pesa para fortalecer a suspeita sobre
a Crucificação é o relato dos fenômenos naturais que teriam acontecido no
momento da morte de Jesus: violenta convulsão da Natureza, ressurreição dos
Santos, são eventos que jamais escapariam ao registro dos historiadores da
época que, no entanto, não fazem
qualquer menção a estes fatos.
Além disso, toda a doutrina que envolve a trajetória de
Jesus na Judéia até sua morte na cruz encerra contradições notáveis até para
indivíduos iletrados ou pertencentes a culturas mais simplórias. Por exemplo:
um chefe indígena, Red Jacket contestou os missionários que tentavam
explicar-lhe os benefícios da Crucificação: "Irmãos, se vocês homens
brancos assassinaram o Filho do Grande Espírito, nós, índios, não temos nada
com isso, não é assunto nosso. Se Ele tivesse estado entre nós, índios, nós não
o mataríamos. Nós o trataríamos bem. São vocês que devem reparar seus próprios
crimes".
Esta visão, de um pagão iletrado, pode ser mais sensível e
racional do que o entendimento dos cristãos ortodoxos ou fundamentalistas, que
consideram a Crucificação um ato meritório e moralmente necessário. Este mérito
e esta necessidade da crucificação implica, por via de dedução, em uma
reavaliação do papel de Judas, posto que a traição foi também necessária. Judas
teria, então, mérito na Salvação porque sem o seu gesto, que o próprio
evangelho justifica dizendo que "o demônio entrou nele" [Judas], sem
a traição, não haveria crucificação e, por conseguinte não haveria a expiação
da carga de pecados do mundo; não haveria a Salvação. É um desafio para o
cristianismo rebater tais argumentos.
Se os habitantes da Terra precisam da morte injusta e
violenta de um ser divino para a expiação de seus erros pode-se presumir que
nos possíveis milhões de outros mundos habitados do Universo, em boa parte
deles, outras Humanidades também devem ser periodicamente necessitadas desta
dramática interferência divina para purificar suas anima mundi dos crimes de
coletividades de seres vivos autoconscientes e inteligentes. Será possível que
na vastidão do Universo, em mundos e contextos inimagináveis, milhares, milhões
de Cristos sejam crucificados?
ORIGENS DO MITO RITUAL
A concepção de deuses vindos do Céu, emanações do Deus
Supremo nascidos de uma virgem, sofrendo mortes violentas como sacrifício
expiatório pelos crimes dos homens, este é um enredo que tem origem em épocas
recuadas quando o homem era um selvagem, um animal que resolvia suas querelas,
suas disputas, com derramamento de sangue; quando o sangue era o tributo por
qualquer ofensa. Na evolução dos costumes, ao que parece, o sacrifício
periódico de um justo voluntário, o cordeiro,
a grande dor de um inocente, tornou-se a síntese suficiente simbólica de
todas as penas acumuladas e devidas, pelos homens, ao Criador de todas as
coisas.
LEITURA COMPLEMENTAR II
Para a teósofa H.P.Blavatsky*, o "mistério... da
perfeita semelhança entre as vidas de Pitágoras, Buddha [Sakyamuni], Apolônio
etc., é muito natural"... e significa "que todos esses grandes homens
eram Iniciados da mesma Escola... Não há imitação nem cópia nas das diversas
biografias: todas são originais". São biografias que descrevem "a
vida mística e, ao mesmo tempo, a vida pública dos Iniciados, que vieram ao
mundo para salvar, se não toda, pelo menos uma parte da humanidade".
A ORIGEM IMACULADA refere-se ao nascimento místico durante o
mistério da Iniciação. Para as multidões, para o entendimento do povo,com apoio
dos cleros, esse fato é entendido no sentido literal: "a mãe de cada um
dos Iniciados foi uma virgem, que concebeu o filho por obra do Espírito Santo
sendo [por isso] chamados Filhos de Deus".
SALVADORES: Citemos, por exemplo, as legendárias vidas de
Krishna, Hércules, Pitágoras, Jesus, Apolônio, Chaitanya. ... Cada um é
apresentado como um Soter [Salvador] de origem divina, título conferido pelos
antigos aos deuses, heróis e reis insignes. Todos, antes ou logo depois do
nascimento, são perseguidos e ameaçados de morte... por um inimigo poderoso [o
mundo da matéria e da ilusão], quer este inimigos e chame Herodes, rei Kansa ou
rei Mâra... E finalmente se diz que, terminados os ritos de iniciação, foram
assassinados, isto é, mortos em suas personalidades físicas, das quais se
libertam para sempre depois de sua espiritual ressurreição ou nascimento. E com
o desfecho dessa suposta morte violenta, descem ao Mundo Inferior ou Inferno —
o reino da tentação, da concupiscência e da matéria, e, por conseguinte, das
Trevas — de onde regressam glorificados como deuses...
A UNIVERSALIDADE DA CRUZ: Desde o princípio da humanidade, a
Cruz, ou o Homem de braços estendidos horizontalmente, simbolizando sua origem
cósmica, foi relacionado à sua natureza psíquica e às lutas que conduzem à
Iniciação. [Considera-se que o verdadeiro nascimento de um Iniciado somente
acontece depois de superadas todas as provas da Iniciação. então acontece o
nascer no mundo espiritual. O Iniciado é, portanto, duas vezes nascido, Dvija e
sua idade passa a ser contada a partir deste segundo nascimento.
* BLAVATSKY. H.P.. A Doutrina Secreta - vol. V Ciência,
religião e filosofia. [Trad. Raimundo Mendes Sobral]. São Paulo: Pensamento,
2003 [p. 144]
A cruz e o círculo são um conceito universal tão antigo como
a própria mente humana. Ocupam a primeira linha na lista da longa série de
símbolos... "Crucificar perante o sol" é uma expressão usada na
Iniciação. Provém do Egito e, originariamente, da Índia... O Adepto Iniciado,
que se saísse bem em todas as provas, era atado, não cravado, a um leito em
forma de Tau [fig. esq.], em forma de Suástica ... na Índia...
[Depois, o Adepto
era]... mergulhado em profundo sono — o "Sono de Siloam" ... Era
mantido nesse estado durante três dias e três noites, período em que o seu Ego
Espiritual... confabulava com os Deuses; descia ao Hades, Amenti ou Pâtala,
conforme o país; e fazia obras de caridade em prol dos Seres Invisíveis, Almas
de Homens ou Espíritos Elementais; permanecendo seu corpo todo o tempo em uma
cripta ou cova subterrânea do templo.
No Egito, o corpo era colocado no Sarcófago da Câmara do Rei
da pirâmide de Quéops e levado durante a noite que que precedia o terceiro dia
para a entrada de uma galeria, onde, em certa hora, os raios do sol nascente
davam em cheio sobre a face do Candidato em estado de transe, e então ele
despertava ...
* BLAVATSKY. H.P.. A Doutrina Secreta - vol. IV O simbolismo
arcaico das religiões, do mundo e da ciência. [Trad. Raimundo Mendes Sobral].
São Paulo: Pensamento, 2003 [p. 126 a 128] | pesquisa e adaptação: Ligia Cabús.
FONTE:
http://mahabaratha.vilabol.uol.com.br/translation/os16crucificados.htm